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Radares de Velocidade Média: A Nova Era da Fiscalização nas Estradas Brasileiras

Imagine um futuro onde dirigir nas rodovias brasileiras deixa de ser uma disputa de velocidade e se torna um exercício de responsabilidade. Esse futuro pode estar mais próximo do que imaginamos. Os radares de velocidade média, já amplamente utilizados em países europeus como Itália e Holanda, começam a ganhar espaço no Brasil. Mas, ao contrário do que muitos motoristas acreditam, eles não estão ali para surpreender. A proposta é bem mais nobre: salvar vidas.


Os novos radares não funcionam sozinhos. O sistema exige ao menos dois dispositivos instalados em diferentes pontos de uma via. Eles registram o horário exato em que o veículo passa e calculam, ao final do trajeto, o tempo médio gasto para percorrer o trecho. Se o resultado ultrapassar a velocidade permitida, a autuação pode ser inevitável. É um golpe contra a velha estratégia de "frear no radar" e acelerar logo depois.


A tecnologia começou a ser testada no Brasil, com a BR-050, em Uberaba (MG), servindo como palco dessa inovação. No trecho monitorado, entre os quilômetros 171 e 182, a fiscalização ainda é experimental, sem aplicação de multas. No entanto, motoristas mais atentos já perceberam a mudança: a sensação de que a estrada "observa" toda a sua jornada, e não apenas pontos isolados, força uma direção mais equilibrada.


O impacto dessas medidas já é evidente em outros países. Na Itália, o uso dos radares de velocidade média reduziu acidentes fatais em até 50%. A Holanda também registrou uma queda significativa nos índices de colisões graves, fruto da adoção dessa tecnologia. E, no Brasil, onde dados apontam que sete pessoas morrem diariamente em acidentes no estado de São Paulo, a necessidade de uma solução mais eficiente nunca foi tão urgente.


Embora as multas ainda não sejam aplicadas, a expectativa é que os resultados desses testes incentivem a ampliação da tecnologia para outras rodovias. A regulamentação, aliás, é rigorosa. De acordo com a Resolução nº 798 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os dispositivos devem passar por avaliação e aprovação do Inmetro, além de garantir registros meticulosos de infrações, incluindo imagem da placa, velocidade medida e hora da ocorrência.


A introdução dessa nova fiscalização levanta debates sobre sua eficácia e necessidade no Brasil. Será que estamos prontos para aceitar uma fiscalização que monitora não apenas um instante, mas todo o trajeto? A resposta, ao que tudo indica, está na segurança que essa medida pode proporcionar. A mudança de comportamento já começa a ser percebida entre os motoristas, que entendem que manter uma velocidade constante e dentro dos limites não é apenas uma questão de evitar multas, mas de preservar vidas.


Por fim, os radares de velocidade média representam mais do que uma nova tecnologia. Eles são um convite para um trânsito mais consciente e seguro. O desafio agora está em ampliar a conscientização dos motoristas, garantindo que a adoção dessa tecnologia não seja vista como um mecanismo de punição, mas como uma ferramenta essencial para a construção de um trânsito mais humano e responsável. Afinal, salvar vidas deve ser o maior objetivo de qualquer inovação viária. É preciso, também, por outro lado, que o governo estabeleça uma velocidade compatível para a via, o que raramente têm ocorrido, convenhamos.



Esta é a foto do Editor do Blog Raphael Luque

Raphael Luque

Advogado, Professor, desde 2004.

Editor

Esta é a foto do Editor do Blog Camila Adam Luque

Camila Adam Luque

Advogada, desde 2019.

Editora

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