Quem diria que uma mina no meio da Amazônia se tornaria o centro de uma polêmica internacional? Nas últimas semanas, rumores têm fervilhado: a China teria comprado a maior reserva de urânio do Brasil! Uma notícia bombástica, não é mesmo? Mas, como em todo bom enredo, nem tudo é o que parece.
Vamos começar desvendando esse mistério. A mina de Pitinga, localizada no coração verde do Amazonas, é famosa, sim, mas pela extração de estanho. Isso mesmo, aquele metal que compõe ligas e é essencial na fabricação de eletrônicos. E o urânio? Bem, embora haja registros da presença desse mineral na região, ele nunca foi explorado comercialmente ali. Motivo? Não é economicamente viável. O urânio está lá, mas extraí-lo seria como tentar pegar uma estrela no céu: fascinante, porém impraticável.
Agora, sobre a tal venda. A Mineração Taboca, empresa que opera a mina de Pitinga, foi adquirida por uma companhia chinesa. Surpreso? Antes disso, ela já era controlada por uma empresa peruana. Ou seja, a "brasilidade" da mina já havia se diluído há tempos. A troca de mãos não alterou a essência do negócio: extração de estanho e outros minerais como nióbio e tântalo.
E quanto à soberania nacional? Calma lá. A legislação brasileira é clara: a exploração de urânio é monopólio da União. Só o governo, através de empresas como as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), pode meter a mão nesse vespeiro radioativo. Portanto, mesmo que os novos proprietários chineses sonhassem em desenterrar urânio, esbarrariam em barreiras legais intransponíveis.
Mas então, por que tanto alarde? Talvez estejamos diante de um clássico caso de telefone sem fio, onde a informação se distorce a cada nova versão. Ou quem sabe, seja apenas o receio natural diante da crescente influência chinesa nos mercados globais.
No fim das contas, a montanha pariu um rato. A mina de Pitinga continua lá, firme e forte, extraindo estanho e impulsionando a economia local. E o urânio? Permanece quietinho em seu lugar, aguardando talvez um futuro onde sua extração faça sentido.
Enquanto isso, fica a lição: nem tudo que reluz é ouro — ou, neste caso, urânio. Às vezes, é apenas estanho mesmo. E está tudo bem com isso.
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