O deputado federal Eros Biondini (PL-MG) decidiu transformar a ideia de lastrear o Real Digital em Bitcoin. Ao apresentar o Projeto de Lei 4118/2023, visa-se criar a Reserva Estratégica Soberana de Bitcoins, carinhosamente apelidada de RESBIT.
Mas antes que você pense que o governo vai sair comprando Bitcoins como quem compra pão na padaria, vamos entender o que está em jogo. A RESBIT tem objetivos ambiciosos: diversificar os ativos financeiros do Tesouro Nacional, proteger nossas reservas internacionais das temidas flutuações cambiais e dos caprichos geopolíticos, e ainda fomentar o uso da tecnologia blockchain no Brasil. Ufa!
Agora, aqui vai o plot twist. Entre as metas da RESBIT está garantir o lastro para a emissão da moeda digital brasileira, o famoso DREX. E é nesse ponto que a confusão começa. Muitos especialistas apontam que misturar Bitcoin com moedas digitais de bancos centrais (as famosas CBDCs) é como misturar água e óleo. Não combina.
Enquanto o Bitcoin nasceu para ser descentralizado, livre de controles governamentais e resistente à censura, as CBDCs seguem o caminho oposto. São moedas digitais, sim, mas totalmente controladas pelos bancos centrais. É como se o Bitcoin fosse o espírito livre da montanha e as CBDCs fossem o funcionário que bate ponto todo dia.
Essa divergência levanta questões importantes. Será que estamos prontos para adotar uma reserva estratégica de um ativo que desafia as estruturas financeiras tradicionais? E mais: será que é uma boa ideia usar o Bitcoin como lastro para uma moeda digital controlada pelo governo?
Alguns entusiastas defendem que a iniciativa pode proteger o país de uma possível "hiperbitcoinização" — um cenário onde o Bitcoin se torna a moeda dominante no mundo, deixando as moedas tradicionais comendo poeira. Países como El Salvador já adotaram o Bitcoin como moeda oficial, e a China tem flertado com a ideia de uma moeda digital própria.
Por outro lado, críticos argumentam que é preciso cautela. A volatilidade do Bitcoin é notória, e basear reservas estratégicas em um ativo tão imprevisível pode ser um tiro no pé. Além disso, há o risco de o governo exercer controle excessivo sobre uma moeda que, por definição, deveria ser livre.
No meio desse debate acalorado, uma coisa é certa: o tema não pode mais ser ignorado. O mundo está de olho no futuro das finanças, e o Brasil precisa decidir se vai surfar essa onda ou ficar olhando da areia.
E você, já pensou em montar sua própria reserva estratégica de Bitcoin?
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